Algum índio americano já foi Cientista Cristão?

Tsianina Redfeather Blackstone, cantora e atriz descendente de gregos e índios Cherokee, cerca de 1915–1920. Cortesia da Biblioteca do Congresso.
A Igreja Mãe (A Primeira Igreja de Cristo, Cientista) não mantém registros relacionados à raça ou etnia de seus membros. Mesmo assim, conseguimos encontrar exemplos de indígenas americanos que foram Cientistas Cristãos.
Tsianina Blackstone (1882–1985), uma índia americana, foi uma proeminente cantora no começo do século XX e mais tarde veio a ser praticista da Ciência Cristã. Ela esteve anunciada como praticista no The Christian Science Journal por quase quatro décadas, de junho de 1942 até abril de 1981, em Burbank, Califórnia.
Em suas memórias, Where Trails Have Led Me [Onde as trilhas me levaram], Blackstone descreve como conheceu a Ciência Cristã. Ela estivera enfrentando uma demorada doença que a fizera perder a voz. Em um show em Chicago, algum tempo após o fim da Primeira Guerra Mundial, um músico substituto em sua banda apresentou-lhe a Ciência Cristã. Ela escreveu:
O que o praticista disse a respeito de Deus e de meu próprio relacionamento com Ele foi inspirador e me fez sentir melhor de imediato… Aprendi que, para começar, nenhum problema real existira. Foi a minha crença no problema e o medo a respeito dele que haviam me mantido presa por dez anos. Em poucos dias eu estava livre — era a filha de Deus.1
Algumas páginas depois, Blackstone descreveu sua fé:
A palavra de Deus cura. Sei que o índio americano já comprovou isso várias vezes. É um fato que pode ser comprovado na Ciência Cristã, e eu dei provas disso em minha própria experiência.2
Não sabemos com certeza se Blackstone continuou Cientista Cristã no fim da vida. Mas sua sobrinha-neta, a professora Tsianina Lomawaima, descreveu a importância duradoura da Ciência Cristã para Blackstone, no artigo “A Principle of Relativity Through Indigenous Biography” [O princípio da relatividade por meio de uma biografia indígena].3
Harvey Wood (1925–2000) foi praticista e professor da Ciência Cristã na região de Chicago. Também foi membro da Diretoria da Ciência Cristã, de 1977 a 1992. Em livro publicado em 1998, Monitoring the News [Monitorando as notícias], Susan Bridge descreve a ascendência de Wood: “Seu cabelo escuro e liso mostrava o sangue Cherokee do qual ele se orgulha tanto”.4 Nenhuma outra informação relacionada à sua ascendência de índio americano veio à tona. Mais informações sobre Wood podem ser encontradas em um comunicado de 1977, publicado originalmente no The Christian Science Journal e intitulado “Novo Diretor de A Igreja Mãe”.
Também estávamos curiosos a respeito da influência da Ciência Cristã nas reservas dos índios americanos. Não há nenhuma evidência de que sociedades ou igrejas da Ciência Cristã já tenham sido organizadas em reservas. Constatamos, contudo, que em certa ocasião uma Cientista Cristã realizou cultos informais em uma reserva próxima a Milford, Utah. Na edição de 1899 do Journal, Mary Lloyd, de Denver, Colorado, deu este relato (deve-se observar que a linguagem neste artigo reflete a daquela época, há bem mais de 100 anos):
Milford, Utah, é uma cidade pequena, bem próxima às reservas das duas tribos indígenas, os Utes e os Pi-utes… Três irmãs se estabeleceram lá, todas elas Cientistas Cristãs, e uma é casada com um tal de Sr. McQ., que é um dos principais comerciantes ali, e é amplamente conhecido entre os índios, que o chamam de “Mickey”. Há cerca de quatro anos, o cacique Ute, Charlie (que desde essa época esteve em Denver, em um de nossos festivais) estava muito doente, com reumatismo e uma complicação de várias doenças. Eles o colocaram em seu pônei e o trouxeram a Milford para morrer, e durante um ou dois dias os índios vieram em grupos para ver o grande cacique morrer, e ele certamente teria morrido se alguém não tivesse falado com ele e lhe dito que a Sra. McQ “falava com o Grande Espírito”, e que, se ele desejasse, ela falaria com Deus em seu nome. O cacique Charlie disse: “Sim, deixe que a mulher de Mickey seja chamada”. Ela veio e tratou dele, e em menos de uma semana ele estava perfeitamente bem, e assim permance desde essa ocasião.5
Após essa cura, cresceu o interesse pela Ciência Cristã na reserva.6
Os periódicos da Ciência Cristã também apresentam relatos de índios americanos que foram curados pela Ciência Cristã, enquanto viviam nas reservas. Na maioria dos casos, a pessoa que foi curada se tornou depois Cientista Cristã. Um exemplo desses pode ser encontrado no Journal de outubro de 1929. Neste testemunho, Lauretta S. Holtze descreve como ela foi curada quando morava em uma reserva em Utah:
No ano de 1908, quando os médicos declararam que meu caso era fatal e o fim parecia estar próximo, uma Cientista Cristã procurou meu pai e lhe falou sobre a Ciência Cristã. Ela lhe pediu permissão para que uma praticista fosse me visitar, e ele consentiu. A doença era hidropisia e o corpo estava inchado, quase irreconhecível. Na última vez em que um médico me visitou, disse que eu tinha apenas três horas de vida.
Duas horas depois que o médico havia saído, chegou a praticista. Ela amorosamente me perguntou se eu podia ler. A resposta foi: “Não, não consigo enxergar”. Ela orou em silêncio, e então me deu “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras”, de Mary Baker Eddy. O livro estava aberto na página 462. Minha visão voltou imediatamente, e eu consegui ler. Cerca de uma hora mais tarde, adormeci segurando firmemente o livro na mão. Eram quatro e meia da tarde. Uma hora depois, acordei completamente curada, ainda segurando com firmeza o precioso livro. A cura foi permanente. Graças a Deus e à Ciência Cristã, nunca houve nenhum indício de que a doença pudesse voltar. Desde essa ocasião, a Ciência Cristã tem sido meu único médico, e mais e mais sou grata por ela a cada dia. Atende a cada uma das minhas necessidades humanas.7
Outros exemplos de cura estão disponíveis no Journal, como também no Christian Science Sentinel.
É interessante que, embora as igrejas da Ciência Cristã não estivessem presentes nas reservas, a literatura e as ideias da Ciência Cristã se espalharam, mesmo assim, até essas localidades. Um exemplo disso pode ser encontrado em “God is Everywhere” [Deus está em toda parte], publicado no Sentinel de 23 de junho de 1951. Nesse artigo, o colaborador incluiu o texto de uma carta que recebeu de um índio americano que vivia em uma reserva não especificada:
Durante os últimos três anos tenho sido afortunado por receber ocasionalmente exemplares do The Christian Science Journal, do Christian Science Sentinel e do The Christian Science Monitor: e certa vez fui abençoado por pegar emprestado um exemplar de Ciência e Saúde por um período de dez dias. Essa literatura me trouxe uma revelação enviada por Deus e permitiu que eu me afastasse de muitas das velhas doutrinas e falsas crenças sobre a vida. Embora sofresse de tuberculose, apendicite e problemas hereditários, ou relacionados com hereditariedade, eu não estava buscando a cura, mas sim conhecer a Deus, Suas leis e o homem, de maneira mais verdadeira e elevada. Vejo que estou vivenciando, depois de quarenta anos de sofrimento, um grande alívio da dor, e estou animado com a esperança de demonstrar a liberdade em maior proporção… Enquanto eu tive Ciência e Saúde em mãos, memorizei o significado espiritual que a Sra. Eddy deu para a Oração do Senhor, o que constitui uma ajuda maravilhosa. Eu me pego repetindo e tentando assimilar seu significado, sim, mesmo durante as horas de sono, quando falsas sugestões e crenças errôneas em forma de pesadelos erguem suas feias cabeças. Tal prática parece estar me despertando para a realidade da Vida, Deus, o Espírito, e da criação espiritual.8
O colaborador respondeu enviando-lhe exemplares de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras e do Livrete Trimestral da Ciência Cristã. O índio respondeu assim:
Tenho certeza de que tu entendes que fiquei surpreso e feliz quando recebi o exemplar de Ciência e Saúde e do Livrete Trimestral. Desde que te escrevi no domingo passado, decidi mandar buscar aquele livro maravilhoso o mais rápido possível; na verdade, eu estava ponderando em oração como poderia conseguir isso; e agora sei que de fato possuo o livro! Deus está me abençoando de maneiras tão admiráveis que me sinto muito humilde e grato e feliz…9
Para conhecer um exemplo mais contemporâneo do trabalho da Ciência Cristã em reservas indígenas, leia o artigo do Sentinel: “A Culture in Common” [Uma cultura em comum].
Esse blog também pode ser lido neste site em alemão, espanhol, francês e inglês.
- Tsianina Blackstone, Where Trails Have Led Me (1970), 130–131.
- Ibidem, 135.
- K. Tsianina Lomawaima, “A Principle of Relativity Through Indigenous Biography”, Biografia, verão de 2016, 248–269.
- Susan Bridge, Monitoring the News: The Brilliant Launch and Sudden Collapse of The Monitor Channel [Monitorando as notícias: o brilhante lançamento e o repentino colapso do canal do Monitor] (Armonk, New York: M.E. Sharpe, 1998), 51.
- “Notes from the Field” [Observações do campo], The Christian Science Journal, julho de 1899, 283. https://journal.christianscience.com/shared/view/hsvsonq35a?s=copylink.
- Ibidem.
- Lauretta S. Holtze, “Testimonies of Healing” [Testemunhos de cura], The Christian Science Journal, outubro de 1929, 396–397. https://journal.christianscience.com/shared/view/1k7bfhpdyu2?s=copylink.
- Frank T. Mc Cormick, “God Is Everywhere”, Christian Science Sentinel, 23 de junho de 1951, 1073. https://sentinel.christianscience.com/shared/view/2as1kap5r4i?s=copylink.
- Ibidem, 1074.