O que diz a história a respeito de casamentos e funerais nas igrejas da Ciência Cristã?
(Atualizado em 3 de abril de 2023)
Nossos usuários às vezes perguntam sobre comentários de Mary Baker Eddy a respeito de casamentos e funerais para os Cientistas Cristãos. As igrejas da Ciência Cristã realizam cultos desse tipo em seus edifícios?
Nunca houve um casamento ou funeral nA Igreja Mãe (A Primeira Igreja de Cristo, Cientista) em Boston. Em cinco ocasiões, houve cultos in memoriam para pessoas que haviam falecido fazia pouco tempo,1 inclusive os cultos em homenagem aos falecidos presidentes dos Estados Unidos William McKinley, Warren G. Harding, Franklin Delano Roosevelt e John F. Kennedy. 2 Um culto foi realizado em homenagem ao falecido líder dos direitos civis, Martin Luther King, Jr. Algumas filiais dA Igreja Mãe também realizaram cultos in memoriam. Após os ataques aos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, uma grande reunião ao ar livre foi realizada em 14 de setembro, na Praça da Ciência Cristã em Boston, mas não constituiu um culto in memoriam.3
Em 6 de agosto de 1923, uma reportagem do The Christian Science Monitor publicou que a ordem do culto em homenagem ao Presidente Harding seria “a mesma do culto in memoriam realizado para o Presidente McKinley, em 19 de setembro de 1901”.4 A Sra. Eddy escrevera isto para seu aluno Irving C. Tomlinson, que conduziria o culto em homenagem ao falecido Presidente McKinley, em Primeira Igreja de Cristo, Cientista, de Concord, New Hampshire:
Sugiro que estejas pronto para a reunião in memoriam, para chegar ao coração dos que estiverem presentes. Deixa de lado a terminologia da Ciência, fala sobre o poder do Amor divino para salvar maravilhosamente, e sobre a segura esperança de nossa nação…5
Houve uma época em que a incisiva preferência da Diretoria da Ciência Cristã era de que casamentos e funerais não fossem realizados em igrejas filiais da Ciência Cristã. Nos últimos anos, contudo, os membros das filiais foram incentivados a tomar, de modo democrático, suas próprias decisões em relação a essas atividades.
Refletindo a posição original da Diretoria da Ciência Cristã, o The Christian Science Journal de fevereiro de 1976 reimprimiu uma declaração da Diretoria, intitulada “Christian Science and the Wedding Ceremony” [A Ciência Cristã e a cerimônia de casamento]. Esta foi a introdução:
Pode ser natural para alguns estudantes da Ciência Cristã, quando planejam se casar, se perguntarem por que não há um dispositivo para a cerimônias de casamento serem realizadas em sua própria igreja filial, onde talvez estejam muitos de seus amigos mais próximos.
A Igreja Mãe recebe, de pessoas e filiais, perguntas sobre esse assunto e, em resposta, menciona a declaração “Christian Science and the Wedding Ceremony”, preparada pela Diretoria da Ciência Cristã. Essa declaração explica por que nossas igrejas são preservadas para os cultos públicos, e não para casamentos, funerais e outras ocasiões de natureza privada ou pessoal.6
Essa declaração da Diretoria, a qual de início fora dada individualmente a correspondentes, explica, em parte:
Há evidências de que a Sra. Eddy ponderou profundamente cada aspecto do casamento, inclusive a maneira como é celebrado. Ela sabia que, em geral, as igrejas tradicionais consideram o casamento uma instituição divinamente ordenada e a cerimônia nupcial, um rito religioso. Isso está de acordo com o ponto de vista comumente aceito de que Deus tenha criado uma terra material, o gênero humano e um sistema de procriação como parte de Seu divino plano e propósito.
A perspectiva da Sra. Eddy é apresentada no livro Ciência e Saúde (p. 56), no qual ela escreve: “O matrimônio é o dispositivo moral bem como legal para a geração entre a espécie humana”. Essa afirmação, assim como outras no mesmo capítulo, apresenta o casamento como uma instituição humana, e não divina. O assunto é visto dentro da estrutura da lei moral e da obrigação legal, e não de uma sanção religiosa.
A declaração foi então direcionada para o fundamento legal do casamento:
Portanto, a preocupação específica [da Sra. Eddy] com as cerimônias de casamento era de que estas estivessem de acordo com as leis do país. Ela dá o título “Cerimônia regida pela lei” — e não Cerimônia religiosa — ao Capítulo IX, Artigo 1°, do Manual dA Igreja Mãe, o qual diz: “Se um Cientista Cristão contrair matrimônio, a cerimônia deverá ser celebrada por uma autoridade religiosa legalmente autorizada”.
Os antecedentes históricos do Regulamento do Manual mencionado aqui explicam sua origem:
Nos primórdios da Ciência Cristã, havia a tendência de convidar, para oficiar casamentos, clérigos que haviam se tornado Cientistas Cristãos. Surgiu a dúvida quanto à sua autoridade para fazer isso, visto que não estavam mais atuando como clérigos da denominação em que haviam sido ordenados. O Regulamento citado acima acabou com essa prática. A ênfase do Regulamento está na autoridade legal, e não na necessidade de um clérigo realizar a cerimônia. Embora suponha que os Cientistas Cristãos normalmente recorram a um clérigo para realizar esse rito, não exclui que tenham um casamento civil em países e situações em que isso pareça necessário ou preferível a uma cerimônia religiosa.
Trinta e cinco anos depois, um artigo no Journal de setembro de 2011 ofereceu uma mensagem diferente, em resposta a uma pergunta de um leitor das Filipinas: “Por que os Cientistas Cristãos não celebram casamentos em suas igrejas?” Essa resposta foi escrita por Lois Marquardt, uma professora da Ciência Cristã de Saint Louis, Missouri, e refletiu o fato de algumas filiais dA Igreja Mãe estarem realizando casamentos em seus edifícios. A resposta afirmava que, a essa altura, A Igreja Mãe pedia a cada filial que, de modo democrático, decidisse que regras adotar:
A boa notícia é que os casamentos podem ser e são realizados nas igrejas da Ciência Cristã! Muitas pessoas erroneamente acreditam que não é permitido realizar cerimônias de casamento em nossas igrejas, porque não temos clérigos. Na minha adolescência, eu pensava que a razão de não termos casamentos na igreja da Ciência Cristã que eu frequentava era que a igreja não tinha um vão central para o cortejo! Felizmente, minha compreensão do propósito da cerimônia de casamento se aprofundou, e percebi que o importante não é o lugar, mas que a cerimônia represente os elementos espirituais e legais dessa união…
Eu vejo esse Regulamento [Cerimônia regida pela lei, Capítulo IX, Artigo 1°] como um apoio à cerimônia de casamento. Em primeiro lugar, exigir que um clérigo realize a cerimônia é o reconhecimento de que o alicerce do casamento é semelhante a construir sobre a rocha (ver Mateus 16:18). Um casamento enraizado no compromisso mútuo e unificado com o crescimento espiritual é um forte ponto de partida. Em segundo lugar, o Regulamento reconhece que as exigências legais do casamento são uma proteção vital para a união das duas pessoas. Além disso, um casamento em uma igreja da Ciência Cristã oferece a oportunidade de o casal se envolver em uma conversa inter-religiosa com o clérigo que está disposto e receptivo a conduzir a cerimônia de acordo com os ensinamentos da Ciência Cristã…7
Embora a resposta de Marquardt não tenha captado toda a gama de decisões envolvendo a permissão de casamentos em igrejas filiais, revelou uma flexibilidade que não existia antes, por parte dA Igreja Mãe.
É importante notar que A Igreja de Cristo, Cientista, não possui clero ordenado. É uma igreja de leigos, na qual cada membro tem o mesmo status e as mesmas oportunidades de servir. Nas igrejas filiais da Ciência Cristã, isso abrange a eleição de membros para o cargo de Leitor, cujas responsabilidades incluem a realização de cultos abertos ao público e reuniões aos domingos e quartas-feiras. Mas não há nenhum cargo na igreja da Ciência Cristã que inclua a ordenação, que, com muita frequência, confere o privilégio legal de realizar casamentos e assinar certidões de casamento, nos Estados Unidos, onde a Ciência Cristã se originou, e em alguns outros países.
Mary Baker Eddy foi casada três vezes — primeiro ficou viúva após seis meses, posteriormente se divorciou depois de 20 anos de casamento, e novamente enviuvou após cinco anos. Em cada ocasião, um clérigo protestante oficiou o casamento. Seu último casamento, com Asa Gilbert Eddy, em 1877, aconteceu cerca de uma década depois de sua descoberta da Ciência Cristã. Foi realizado pelo pastor unitariano Samuel B. Stewart, na sala de estar da casa da Sra. Eddy, na Rua Broad, no 8, Lynn, Massachusetts.8 Depois que ela faleceu, em 3 de dezembro de 1910, um funeral foi realizado para ela em 8 de dezembro, em sua casa em Chestnut Hill, Massachusetts.9
Resumindo, nunca foram realizados casamentos e funerais nA Igreja Mãe, em Boston. Em algumas ocasiões, ocorreram lá cultos in memoriam. Por serem membros de uma igreja de leigos, historicamente os Cientistas Cristãos têm sido casados por clérigos de outras denominações ou por juízes de paz ou oficiais de cartórios. O Manual da Igreja contém Regulamentos relacionados a casamento e falecimento. Por muitos anos, a Diretoria da Ciência Cristã desencorajou a realização de casamentos e funerais em igrejas filiais. “Christian Science and the Marriage Ceremony”, publicado em 1976 proporcionou orientação. Mais recentemente, A Igreja Mãe encorajou suas igrejas filiais a tomarem, de modo democrático, suas próprias decisões a respeito da realização de casamentos e funerais em seus edifícios.
Esse blog também pode ser lido neste site em alemão, espanhol, francês e inglês.
- Em um funeral, o corpo da pessoa falecida está presente, para ser sepultado ou cremado após a cerimônia. Em um culto in memoriam, o corpo não está presente nem exposto ao público; a reunião homenageia a pessoa que faleceu.
- Esses presidentes morreram durante o exercício do cargo; dois deles, McKinley e Kennedy, foram assassinados. Ver “Memorial Service Held in Mother Church” [Culto in memoriam realizado nA Igreja Mãe], The Christian Science Monitor, 26 de novembro de 1963, 3.
- “A Nation Unites” [Uma nação se une], The Christian Science Monitor, 17 de setembro de 2001, 24.
- “Harding Service in Mother Church” [Culto em homenagem a Harding realizado nA Igreja Mãe], The Christian Science Monitor, 6 de agosto de 1923, 1.
- Mary Baker Eddy para Irving C. Tomlinson, 14 de setembro de 1901, L03762.
- “Christian Science and the Wedding Ceremony” [A Ciência Cristã e a cerimônia de casamento], The Christian Science Journal, fevereiro de 1976, 112.
- Lois Marquardt, “Your Questions & Answers: Why don’t Christian Scientists have wedding ceremonies in their churches?” [Perguntas e Respostas: Por que os Cientistas Cristãos não celebram casamentos em suas igrejas?], Journal, setembro de 2011, 6.
- Samuel B. Stewart, certidão de casamento, 1° de janeiro de 1877; localização do arquivo na Coleção dA Biblioteca Mary Baker Eddy: Subject File, Eddy, Asa G. – Marriage.
- Ver “Mary Baker Eddy”, Christian Science Sentinel, 10 de dezembro de 1910, 283; “Mary Baker Eddy”, Sentinel, 17 de dezembro de 1910, 303. Para ler um breve resumo do culto, do transporte do corpo para o local do enterro e posterior sepultamento, consulte Robert Peel, Mary Baker Eddy: The Years of Authority [Mary Baker Eddy: Os anos de autoridade] (Boston: Holt, Rinehart e Winston, 1977), 513–514, n. 116.