“Libertar os cativos”: Mary Baker Eddy e a reforma do sistema carcerário
Embora muitos de nossos leitores talvez tenham conhecimento das doações generosas de Mary Baker Eddy a uma variedade de instituições beneficentes, o profundo interesse que ela tinha na reabilitação dos detentos não é tão conhecido. Esse interesse começou devido a uma conexão familiar dela com um dos maiores reformadores das prisões daquela época e, especificamente, com a prisão estadual de New Hampshire, localizada na cidade de Concord.
Este presente, uma cadeira de balanço feita de vime, foi oferecido à Sra. Eddy por detentos dessa prisão, para expressar a gratidão que sentiam pelo que ela fizera por eles, e simboliza sua duradoura dedicação a ajudar detentos. A cadeira é formada de centenas de pedaços de rattan (uma espécie de palmeira), laboriosamente entrelaçados. No encosto da cadeira está o emblema da cruz e da coroa, o qual aparece nas obras publicadas da Sra. Eddy. Ela ficou tão comovida com o presente, que o expôs na sala de jantar de Pleasant View, sua casa em Concord e, mais tarde, em uma sala da frente na casa de Chestnut Hill, Massachusetts.1 (A cadeira lhe foi presenteada em algum momento entre 1900 e 1907).
O Capitão Moses Pilsbury, pai da família Pilsbury, tornou-se um bom amigo dos Bakers durante o período em que administrou essa mesma prisão (1818-1826, 1837-1840). Em uma época em que o sistema correcional dos Estados Unidos tinha um caráter duramente punitivo, Pilsbury implementou reformas tais como a leitura da Bíblia para todos os detentos duas vezes por dia, o estímulo ao aprendizado, a contratação de funcionários com base no caráter moral, em vez da força física, e a proibição de castigos físicos. Em 1819, Moses mandou construir uma oficina para os detentos, na qual eles aprendiam ofícios que facilitariam sua empregabilidade depois que saíssem da prisão. Esse foi um sistema precursor da política carcerária moderna 2 e, muito mais tarde, capacitaria os detentos de Concord a fazer esta cadeira de balanço para a Sra. Eddy. Como administradores da prisão de Concord e, mais tarde, como construtores e administradores de outras prisões, Moses e seus filhos, John, Amos e Luther, continuaram a difundir suas reformas pela Nova Inglaterra e em Nova York. Amos foi até mesmo reconhecido internacionalmente por esses métodos na prisão estadual de Connecticut, ao ser enviado ao Congresso Penitenciário Internacional em Londres.3 Irving C. Tomlinson, que trabalhou muito próximo à Sra. Eddy por vários anos, mais tarde rememorou que “a Sra. Eddy se interessava profundamente pelas atividades da Ciência Cristã nas prisões… O interesse dela pelo trabalho nas prisões nunca diminuiu”.4 De fato, ela conhecia bem o trabalho nas prisões desde a infância. Sua família era amiga próxima dos Pilsburys, uma família de agentes penitenciários com a reputação de serem os maiores reformadores dos sistema carcerário no século XIX. 5 George, irmão dela, trabalhou para os Pilsburys na prisão estadual de Connecticut, sua irmã Martha se casou com Luther Pilsbury, diretor adjunto da prisão estadual de New Hampshire, na cidade de Concord. Logo depois desse casamento, Mary os visitou na prisão de Concord e provavelmente passou a noite lá, no apartamento deles. 6
Com laços familiares tão fortes com esses reformadores, não é de admirar que a Sra. Eddy entendesse a importância de se trabalhar ativamente com os detentos. Já em 1891, The Christian Science Journal informou que a literatura da Ciência Cristã estava sendo distribuída nas prisões. Em 1900, a Sra. Eddy instou Irving Tomlinson a visitar as cadeias nos arredores de Concord e ouvia atentamente seus relatos dessas visitas. Tomlinson escreve em suas reminiscências: “Uma das primeiras conversas dela comigo, após minha chegada em Concord, foi a respeito dos desafortunados detentos nas cadeias municipais e nas prisões estaduais. Atendendo ao pedido dela, eu visitei o xerife municipal Edgerly e lhe propus que todos os domingos, às duas horas da tarde, fosse realizado um culto da Ciência Cristã para os detentos da cadeia municipal Merrimac. O xerife aceitou de boa vontade o plano …”7 A reação da Sra. Eddy foi cheia de entusiasmo: “Estou feliz por você ter iniciado a missão da Ciência Cristã com fé na possibilidade de abrir as portas da prisão e libertar os cativos. Deus irá abençoá-lo nesse caminho designado por Ele”.8
Os cultos foram realizados de 1900 a 1906. Tomlinson também atuou como praticista, orando para os detentos quando eles solicitavam ajuda espiritual durante a semana. Como resultado do trabalho de Tomlinson, muitos dos detentos tiveram curas e enviaram sua gratidão e testemunhos para a Sra. Eddy, e estes foram publicados nos periódicos da Ciência Cristã. Tomlinson rememorou que em março de 1907 um detento que acabara de sair da prisão veio até ele e lhe pediu para comprar uma cópia de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. Tomlinson lhe ofereceu um exemplar de graça, mas o homem recusou, dizendo que havia economizado dinheiro enquanto estava na prisão, para poder pagar pelo livro. Tomlinson relatou que esse homem nunca mais voltou ao crime. Quando Tomlinson informou o ocorrido à Sra. Eddy, ela ficou profundamente comovida.9
Para saber mais a respeito das experiências de Irving Tomlinson nas cadeias de Concord, queira entrar em contato com o Serviço de Pesquisa e Referências, enviando um e-mail para: [email protected]. Se você estiver em Boston, poderá ler essas reminiscências de Tomlinson em nossa Sala de Pesquisas.
- Irving C. Tomlinson, Twelve Years with Mary Baker Eddy, Amplified Edition (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1994), 243.
- Caleb Smith, The Prison and the American Imagination (New Haven: Yale University Press, 2009), 125.
- David E. Coughtry, Mary Baker Eddy and Institutional Work (New York: Christian Science Institutional Committee for New York State, 1998), 1-2.
- Tomlinson, Twelve Years with Mary Baker Eddy , Amplified Edition, 243.
- Orlando Faulkland Lewis, The Development of American Prisons and Prison Customs, 1776-1845: With Special Reference to Early Institutions in the State of New York (Albany: Prison Association of New York, 1922), 176.
- Mary Baker Eddy para Augusta Holmes Swasey, 24 de fevereiro de 1843, L02682.
- Eddy para Irving C. Tomlinson, 12 de maio de 1900, L03728.
- Rem. Irving C. Tomlinson, 622-623.
- Ibid.