Mulheres que fizeram história: Ivimy Gwalter

Ivimy Gwalter na inauguração do Centro da Ciência Cristã, 15 de agosto de 1968. P02505.
Fotografia de Jim Hughes. © The Christian Science Monitor.
Ela pertencia a uma família de imigrantes europeus. Seu pai, Henry Leonard Gwalter (1861–1947), era suíço, e sua mãe, Lucy Lydia Ivimy Gwalter (1865–1921), era originária da Inglaterra. Eles se casaram na legação britânica em Zurique, Suíça, em abril de 1888. Ivimy nasceu em setembro do ano seguinte, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Henry Gwalter provavelmente veio para os Estados Unidos em função de seu trabalho como comerciante de seda bruta, já que a cidade de Nova York era na época (e é atualmente) um importante centro do setor de tecidos.1
Os pais de Ivimy se tornaram ativos estudantes da Ciência Cristã no início ou em meados da década de 1890, depois de se mudarem de Nova Jersey para a cidade de Nova York. Em 1955, Ivimy relatou:
A Ciência Cristã entrou em minha casa quando eu era pequena. Minha mãe foi curada pela leitura de Ciência e Saúde e libertada de uma vida de semi-invalidez. Meu pai também viu que a Ciência Cristã era de grande ajuda; seus problemas nos negócios foram eliminados e substituídos por um crescente senso de segurança e prosperidade. A Ciência Cristã significava tudo em nosso lar.
No domingo subsequente ao da primeira cura de minha mãe, meus pais foram convidados a frequentar Terceira Igreja de Cristo, Cientista, na cidade de Nova York, por seus vizinhos, o Sr. e a Sra. Charles Simmons, que haviam emprestado o livro para minha mãe. Terceira Igreja tinha acabado de ser reconhecida, e a congregação se reunia em salas minúsculas na Rua 125, no Edifício do Banco Hamilton. A Sra. Carrie Harvey Snider, CSD, era a Primeira Leitora, e o Sr. Charles Simmons, nosso vizinho, o Segundo Leitor. Eu era a menor das pouquíssimas crianças na Escola Dominical.
Em questão de semanas, meus pais se filiaram a Terceira Igreja. Eles estavam entre o primeiro grupo de membros a serem admitidos… 2
É provável que, por volta dessa mesma época, Lucy e Henry Gwalter tenham feito o Curso Primário sobre a cura pela Ciência Cristã, com Carrie Harvey Snider, CSD, que foi aluna de Mary Baker Eddy. Os dois se filiaram À Igreja Mãe em 1897, e depois, naquele mesmo ano, Lucy se tornou praticista (sanadora) com anúncio no The Christian Science Journal. Ela se tornou professora da Ciência Cristã em 1907.
Embora tenha continuado a atuar como homem de negócios, Henry também apoiou o crescimento da Ciência Cristã na Cidade de Nova York e em seu país de origem. Ele escreveu “A Grateful Acknowledgement from Switzerland” [Uma mensagem de agradecimento vinda da Suíça], publicada no Journal de fevereiro de 1899.3 O artigo é, quase todo, a reprodução de uma carta que Henry Gwalter havia recebido de Zurique. Ele explicou: “Recebi a seguinte carta há algumas semanas, de uma pessoa que, não tendo outra ajuda, como o curso primário, uma igreja ou algum contato pessoal com Cientistas [Cristãos], e ao mesmo tempo tendo de superar as dificuldades de uma língua estrangeira, está tentando fielmente abraçar a Ciência Cristã…” Isso ocorreu alguns anos antes de aparecer a primeira edição dO Arauto da Ciência Cristã, um periódico alemão, em 1903, e antes de ser publicada, em 1912, a tradução em alemão de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy.4
O membro mais jovem da família, Ivimy Gwalter, publicou um testemunho na revista Christian Science Sentinel, em agosto de 1900:
Sou uma menina de dez anos, e já tive muitas demonstrações. Estou muito interessada em ler demonstrações de crianças. Achei que algumas das crianças gostariam de saber sobre uma das minhas demonstrações.
Precisei ir ao dentista para fazer uma obturação, e, visto que antes sempre tivera medo de ir, vi que deveria superar o medo, então li Ciência e Saúde e me dei um tratamento vários dias antes de ir, reconhecendo que “o perfeito amor lança fora o medo”, e que Deus não envia medo nem dor. Não tive medo algum, nem nenhuma dor. Tive de ir ao dentista duas vezes, e ele disse que eu estava indo muito bem. Então soube que realmente havia feito a demonstração, mas eu sabia que foi Deus quem a fez, e não eu mesma. Vou à Escola Dominical todos os domingos, e à igreja também. Somos todos Cientistas, e amamos muito a Ciência Cristã.5
No ano seguinte, foi publicado um relato de Lucy Gwalter, contando que sua igreja doou literatura da Ciência Cristã para o America, o navio-chefe da expedição polar Baldwin-Ziegler, além de enviar publicações para bibliotecas na África do Sul e na Austrália.6
Lucy e Henry Gwalter deixaram estes cartões de visita, quando visitaram Pleasant View, a casa de Mary Baker Eddy em Concord, New Hampshire, em junho de 1901. Eles estavam entre os vários milhares de Cientistas Cristãos que visitaram o local, dois dias depois de quatro cultos de Comunhão serem realizados nA Igreja Mãe, nos quais fora lida a Mensagem À Igreja Mãe para 1901. Localização do arquivo na Coleção da Biblioteca Mary Baker Eddy: Subject File, Mary Baker Eddy, Addresses: June 25, 1901 – Calling cards.
Em novembro de 1904, Ivimy Gwalter se filiou À Igreja Mãe. Depois de terminar o ensino médio, ela passou um ano em Genebra, Suíça, estudando idiomas.7 Então, ela voltou para Nova York e estudou música no Institute of Musical Art [Instituto de Arte Musical] (agora conhecido como The Juilliard School [A Escola Juilliard]). Os registros mostram que a “Miss Lucy Ivimy Gwalter” se formou no Departamento de Piano em 1913.8
Mesmo assim, seu objetivo aparentemente não era seguir a carreira musical, mas servir a Igreja que ela aprendera a amar. Como ela relatou depois:
Havia muito tempo eu desejava ardentemente entrar na prática pública da Ciência Cristã, mas com sabedoria minha mãe insistiu em que eu deveria primeiro aprender a ganhar a vida de outra forma. Consequentemente, por um breve período, procurei praticar a música como profissão, e ensinei piano. Em 1918, meu anelo pela prática se realizou. Todavia, meu nome só apareceu no Journal em 1922, pois durante quatro anos trabalhei na Sala de Leitura mantida em conjunto com outras igrejas, localizada na Rua 42, em Nova York, como Assistente do Bibliotecário, e depois como Bibliotecária-Chefe.9
Em meados da década de 1920, Ivimy Gwalter era praticista em tempo integral, e regularmente escrevia artigos para o Journal e o Sentinel. Ela seguiu os passos da mãe, ao fazer o Curso Normal do Conselho do Ensino dA Igreja Mãe em 1940, e depois ensinando e realizando reuniões anuais de sua associação de alunos, na cidade de Nova York.
Em 1947, houve outra grande mudança em sua vida, quando foi nomeada redatora-adjunta dos periódicos da Ciência Cristã, o que também incluiu sua mudança para a região de Boston. No ano seguinte, ocorreu outra grande mudança — ela foi escolhida para integrar a Diretoria da Ciência Cristã. Gwalter foi apenas a terceira mulher a ser Diretora, ocupando o cargo que anteriormente pertenceu a duas outras mulheres apresentadas nesta série de artigos intitulada Mulheres que fizeram história: Annie Knott e Nelvia Ritchie.
Gwalter foi Diretora nas décadas subsequentes à Segunda Guerra Mundial — uma época de extraordinário crescimento e transformação no mundo, como também no movimento da Ciência Cristã. Por exemplo, durante o período em que atuou, foram publicadas sete traduções do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, em sueco, holandês, dinamarquês, italiano, português, russo e norueguês.
Estes excertos de um artigo do Journal de 1965 fornecem ponderadas reflexões dela sobre um conceito mais internacional de “filiação”:
Na Ciência Cristã, as palavras adquirem novos significados. Assim sendo, em uma notável Lição da Bíblia, a qual começa na página 180 de “Escritos Diversos”, Mary Baker Eddy, a amada Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, indica que é necessário espiritualizar nosso senso de filiação. Temos de compreender a filiação não em termos de um relacionamento pessoal do homem com Deus, mas como a ordem científica do existir do homem. Assim, substituiremos o conceito humano de um pai, uma mãe e uma série de filhos, cada um deles uma entidade separada e distante, pela compreensão científica do relacionamento entre Deus e o homem, o Princípio divino e sua ideia. Nesse relacionamento, a ideia nunca pode ser separada de sua fonte, nem pode ser menos do que a expressão perfeita e eterna de Deus. Cingida pelo Amor, cada ideia se move de acordo com seu Princípio…
Pensem no que significa, em termos de problemas mundiais, enxergar o filho de Deus, e não raças em conflito e multidões de pessoas passando por dificuldades e lutando pela subsistência na Ásia, na África, na Europa, nas Américas — não muitas raças, não muitas pessoas, não muitas mentes, mas somente o filho de Deus. Pensemos assim também sobre nossas igrejas filiais, vendo não dezenas de membros motivados por pontos de vista e opiniões humanas conflitantes, mas sim enxergando em toda parte, coletiva e individualmente, o filho de Deus. Ó, oremos para ver o homem através das lentes da Ciência!10
Depois de 20 anos como Diretora — e pouco antes do início da construção do novo Centro da Ciência Cristã em Boston — Gwalter decidiu deixar o cargo de Diretora e se dedicar em tempo integral à escrita, à prática e ao ensino da Ciência Cristã. Nossa fotografia a mostra na cerimônia de inauguração dos novos edifícios, em 15 de agosto de 1968.
O trabalho realizado por Ivimy Gwalter durante sua vida, bem como a vida de seus pais, pode ser resumido neste trecho de um dos editoriais dela no Journal :
O Cientista Cristão não é meramente um observador; ele é um agente ativo. Por isso, ao avaliar os assuntos de sua igreja, a política de seu país, ou o estado das nações, ele não se contenta em ficar de braços cruzados e observar com aprovação, crítica, medo ou rebeldia. Ao contrário, por meio da obediência consagrada, e atento às inspiradas admoestações de sua Líder, graças ao estudo diário dos escritos dela, em conjunto com o das Escrituras, ele amplia sua compreensão espiritual e espiritualiza seu pensamento e sua perspectiva, de modo a concordar sempre com a Verdade, nunca com o erro, reconhecendo que Deus é Tudo, que o erro nada é, e que em verdade o homem se auto identifica com Deus e é um com Ele.11
Ouça “Women of History from the Mary Baker Eddy Library Archives” [Mulheres que fizeram história, dos arquivos dA Biblioteca Mary Baker Eddy], um podcast da série Seekers and Scholars [Pesquisadores e estudiosos] (em inglês) com os integrantes da equipe da Biblioteca: Steve Graham e Dorothy Rivera.
Esse artigo também pode ser lido neste site em alemão, espanhol, francês e inglês.
- Essas informações biográficas sobre a família Gwalter podem ser encontradas no site ancestry.com.
- Ivimy Gwalter, “Historical Sketch” [Esboço histórico], 28 de junho de 1955, Box 534067, Folder 336060.
- Henry L. Gwalter, “A Grateful Acknowledgment from Switzerland” [Uma mensagem de agradecimento vinda da Suíça], The Christian Science Journal, fevereiro de 1899, 753–756.
- A carta que Henry Gwalter enviou foi assinada por “S.R.G.”, que provavelmente é “Sal. Rordorf Gwalter” de Zurique. Embora nossas pesquisas ainda não tenham determinado se ele era parente de Henry Gwalter, essa parece ser uma possibilidade concreta.
- Ivy Gwalter, “Christian Science in Dentistry” [A Ciência Cristã na Odontologia], Christian Science Sentinel, 16 de agosto de 1900, 822.
- “Science and Health in South Africa” [Ciência e Saúde na África do Sul], Sentinel, 24 de outubro de 1901, 124, https://sentinel.christianscience.com/issues/1901/10/4-8/among-the-churches.
- “New Associate Editor” [Nova Redatora-Adjunta], Sentinel, 7 de junho de 1947, 992.
- “Institute of Musical Art, Lectures Recitals and General Occasions, October 14, 1912–June 9, 1913″ [Instituto de Arte Musical, palestras, recitais e eventos em geral, 14 de outubro de 1912–9 de junho de 1913], 82, arquivos Juilliard.
- Ivimy Gwalter, “Historical Sketch”, 28 de junho de 1955, localização nos Arquivos da Igreja: Church Archives, Box 534067, Folder 336060.
- Ver Ivimy Gwalter, “Claiming our Sonship with God” [Reivindicar nossa filiação com Deus], Journal, dezembro de 1965, 617–620.
- Ivimy Gwalter, “Fulfilling our Duty” [Cumprimento de nosso dever], Journal, junho de 1948, 276.