Mulheres que fizeram história: Sibyl Wilbur

“Todo esse esforço apenas para me ver.” Essa foi a resposta de Mary Baker Eddy quando a jornalista Sibyl Wilbur (1871–1946) a visitou em 1905, a fim de realizar uma entrevista para o Boston Herald.¹ Em realidade, nessa época a Sra. Eddy era uma das mulheres mais conhecidas dos Estados Unidos. A entrevista foi muito significativa para ambas.

Wilbur nasceu em Elmira, Nova York. Seus pais morreram quando ela era pequena e, aos 14 anos, já havia se mudado para Nebraska, passando a dar aulas em uma escola localizada em uma região de pradaria, para se sustentar. Ela conseguiu economizar o suficiente para estudar em uma escola preparatória em Mineápolis, Minnesota, antes de se matricular na Universidade Hamline, uma faculdade metodista na cidade de Saint Paul. Quando tinha 21 anos começou sua carreira jornalística no Minnesota Journal.² Nas duas décadas seguintes, ela escreveu sobre os direitos das mulheres, questões trabalhistas e cultura, trabalhando para os principais jornais metropolitanos de Nova York, Chicago, Washington, D.C., Mineápolis e Boston.³

Foto de Sibyl Wilbur, aprox. 1944, P01812, fotógrafo desconhecido. Cortesia dA Biblioteca Mary Baker Eddy.

Depois de começar a trabalhar para o Boston Herald, no início de 1905, Wilbur buscou um grande projeto e se interessou pela Sra. Eddy, por esta ser fundadora do movimento da Ciência Cristã. O editor de Wilbur duvidou que ela fosse conseguir entrar em contato com a Sra. Eddy, pois esta passou a interagir raramente com jornalistas. Mas Wilbur estava determinada.⁴ Em fevereiro, ela se reuniu com Alfred Farlow no escritório dele, em Boston. O trabalho dele como Gerente dos Comitês de Publicação para A Primeira Igreja de Cristo, Cientista (A Igreja Mãe) incluía cultivar e manter boas relações com membros da imprensa. O objetivo de Wilbur era conseguir se reunir com a Sra. Eddy em Pleasant View, sua casa em Concord, New Hampshire.⁵ Quando recebeu o pedido, a Sra. Eddy educadamente o recusou e enviou a Wilbur uma cópia de seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.⁶

Wilbur permaneceu irredutível. Em maio, viajou para Concord, e sua persistência finalmente foi recompensada, pois ela conseguiu fazer a desejada entrevista em Pleasant View.⁷ Ela posteriormente escreveu uma série de 13 artigos sobre a Sra. Eddy, os quais foram publicados na revista Human Life, de dezembro de 1906 a dezembro de 1907. Alguns dos títulos desses artigos são: “Has Christian Science Met Its Waterloo?” [A Ciência Cristã chegou a um impasse?], “Glimpses of a Great Personality” [Vislumbres de uma grande personalidade], “A Glance at the Great Personnel of the Christian Science Movement” [Um vislumbre dos grandes trabalhadores do movimento da Ciência Cristã] e 10 capítulos intitulados “The Story of the Real Mrs. Eddy” [A história da verdadeira Sra. Eddy].⁸ Naquela época, a revista Human Life estava passando por dificuldades. Mas, com a publicação dessa série de Wilbur, a circulação disparou de 20.000 para 100.000 exemplares em três meses.⁹ Essa série de artigos de Wilbur contrastava fortemente com a série sensacionalista de artigos de Georgine Milmine, os quais estavam sendo publicados ao mesmo tempo na McClure’s Magazine.¹⁰

Essa atribuição profissional de Wilbur também resultou em seu interesse pela Ciência Cristã. Ela escreveu para a Sra. Eddy em julho de 1906: “Agora estou lendo seu livro e estudando sua Ciência da vida”.¹¹ No mês de maio subsequente, ela escreveu novamente: “Senti-me muito elevada ao ler ‘Ciência e Saúde’ ”.¹² Naquele ano, ela fez o Curso Primário da Ciência Cristã com Alfred Farlow.¹³

Wilbur não chegou a terminar de escrever sobre a Sra. Eddy. Ela procurou revisar e compilar a série que aparecera na revista e publicá-la em uma das primeiras biografias sobre a Sra. Eddy, sem usar a abordagem sensacionalista adotada por jornais como o New York World, que publicara uma história afirmando que a Sra. Eddy estava mentalmente incapacitada.¹⁴ Wilbur publicou The Life of Mary Baker Eddy [A vida de Mary Baker Eddy], em 1908. Depois de inicialmente se opor ao livro, a Sra. Eddy emitiu uma declaração favorável: “Declaro que nada ocorreu em minha vida que, corretamente narrado e compreendido, possa me prejudicar; e não é pouco o que já se disse sobre o bem que foi realizado, o sacrifício do ego etc., o que têm caracterizado todos os meus anos de trabalho”.¹⁵ Ela concluiu com agradecimentos a Wilbur. Embora The Life of Mary Baker Eddy tenha sido frequentemente criticado por estudiosos ao longo dos anos, por conter elogios em demasia, também foi escrito com base em relatos reais, e ajudou a combater a desinformação básica a respeito da Sra. Eddy e da Ciência Cristã, desinformação essa que na época estava crescendo muito rapidamente.

Wilbur nunca se tornou membro dA Igreja Mãe, e não temos nenhum registro de ela ter demonstrado maior interesse pela Ciência Cristã. Aparentemente, ela se tornou mais ativa em questões políticas. Organizadora do Partido do Sufrágio Feminino na cidade de Nova York, ela falou publicamente a favor do direito das mulheres ao voto.¹⁶ Mudou-se para San Diego, Califórnia, em 1918, depois de se casar com John Stone, seu segundo marido.¹⁷ Após seu divórcio em 1930, viveu em San Diego até seu falecimento, aos 75 anos.¹⁸

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